sábado, 17 de janeiro de 2015

A Freira

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Nos tempos difíceis, de colonização, brota da terra todo tipo de esplendor e ópio. Maria, A Freira, veio de família afortunada. E foi forte, foi norte. Fortaleza de um leão. Saiu de casa cedo, contrariando o gosto dos país. Se resignou em um convento, esperando ficar mais perto de deus. Seus irmãos choravam, em visitas bimestrais, sem olhos, visões ou palavras. A Freira persistiu radiante. Sonhou distribuir as palavras do pai, ou de deus. Fez jejum, praticou novena. Lutou com a dor da saudade, contra os laços de amizade. E fez-se forte. Fez-se maria. Não abandou os seus. Viveu perto de jesus. Ato maior desapegado da vida. A Freira fez amigas no convento. Sonhou muito, e sonhou alto. Depois de terminada as promessas divinas. De seu maior ato de amor, comprometimento e resignação. Depois de abdicar a tudo. Se juntou com duas amigas, Madalena e Socorro, e foram humanizar este mundão. Esta é a história de três monastérios, de três amores, de três irmãs, que enfrentaram os desafios da terra, pra plantar amor e verdade, no coração das pessoas e do latifúndio.
A Freira e suas amigas, partiram pro interior. De uma terra há pouco descoberta. Regada de ódio e rancor. Foram elas sempre alerta, levando a mensagem do senhor. A Freira como à de ser, não chorou e nem voltou. Foram até a descoberta, de um povo miserável que se indignou. Ela, A Freira, sempre alerta. Foi pro lado do trabalhador. Foram as três juntas com evangelho, declamando palavras de amor. Foram morar os sertão das coisas incertas, e da justiça divina dos homens do senhor. Andaram mil léguas, ficaram cansadas. Mas quando chegaram a presença amada da vida, logo as resignou. Foram viver numa terra prometida, cheias de conflitos e gente lutando pela paz e pelo amor. A Freira logo escolheu o seu lado. Logo fez sua escolha. Deixando de lado o cartório marcado, se apaixonou pelo povo do interior.
No conflito de terras, o latifúndio viu versos presentes na esperança. A ganância contra o amor. Entretanto, A Freira que acreditava em justiça. Pois o joelho na terra e implorou pro senhor: “que seja feita a sua vontade”. Pedido inocente de freira. Pedido inofensivo as leis dos homens. Pedido perdido e inocente. Pois há vocês de acreditar, que até mesmo A Freira, traiu de seu juramento. E caiu nas graças do amor. Ele se vestia de poeta. Ele jovem e sonhador. Falava como profeta, e acreditava nas coisas do amor. A Freira que não era imune, logo caiu nas cantigas de amor. Foi assim que se nasceu e sucedeu, há história de nosso conto de amor. Ela freira, ele poeta; Ela crente, ele profeta; Ela certeza, Ele descoberta; Ela sonho, e Ele utopia. Destas que se o destino fizera um dia, um encontro entre dois, um encanto de sonhador.
Ele era o líder da rebelião. Queria terra, e queria ter com os irmãos. Queria vida digna ao seu povo trabalhador. Mas lá havia latifúndio, tomando a força de grilos e regado a justiça. No entanto, o povo não tinha preguiça, e sem medo de sangue lutou, por seu pedaço de chão. Pra dividir a terra, como jesus prometeu, que em uma terra prometida, se dividiria o pão. Ele foi cabra valente. Enfrentou fazenda, jagunço e corrente. Não temia a lei do motosserra. Não tinha medo nem mesmo da guerra. Não tinha medo!
A Freira que abdicou de tudo, esqueceu das fraquezas do coração. Enfrentou seu pai e família. Esqueceu seus juramentos. Esqueceu do convento. E se apaixonou pelo pobre peão. Ele que das mãos calejadas, das andanças, do pó e da estrada. Não teve outra opinião. Quando viu A Freira o seu coração, debulhado feito sabugo de milho, se tornou um fraco então. Mas um fraco dentro das fortalezas, tinha na mente a plena certeza, de conquistar seu pedaço de chão. Rompeu cerca, fez o roçado. Fez poema e rompeu o sangrado. Conquistou o coração da Freira, e uma fortaleza se tornou. Junto dela fez muitos planos, pra de médio a longos anos. Largou o coração de poeta, e por outra causa incerta, jamais se aprisionou. Queria mesmo era o esmo da terra. Nem que sobre foice e guerra. Ao lado do seu povo, e da Freira, com quem sonhou.
Entretanto justiça nessa terra, nem mesmo a dor de barriga. A justiça fez intriga, plantou ódio e se despiu do pudor. Preferiu desalojar, centenas de almas perdidas. Mulheres com filhos. Maridos com sonhos. Pra que a terra continuasse improdutiva, mas fazendo propaganda do seu senhor. A freira que não foi de tola. Disse ao mundo que tamanha injustiça. Que não tenhamos a preguiça, de lutar pelas causas do amor. O fazendeiro que nunca foi coitado. Comprou um punhado de gado, comprou um punhado de arrame. Comprou um punhado de capatazes. E como também não tinha preguiça, comprou no final a justiça, e da terra grilada se empossou.
Ele que não era de brincadeira. Que conquistou até coração de freira. Indignado jamais calou. Denuncio a justiça dos homens. Denunciou a improdutividade. Denunciou que tinha saudade, de repartir o pão, o amor. Foi então pra linha de frente. Enfrentar bala, jagunço e corrente. Pra que os olhos das pessoas descentes, se voltassem para as misérias da terra. Para o sofrimento dos esquecidos. Para as retinas de quem pensa em amor. A Freira ficou mais encantada. Pois a arma dos que amam é viver em um conto de fadas. Ela freira, ele poeta; ela sonho e ele profeta... coisa que o latifúndio nunca entendeu, ou aceitou.
E numa manhã cinzenta. A Freira de branco, Ele de vermelho. A justiça fez sua parte. Prorrogou a dívida com os pobres da terra. Determinando em sentença, que para deixar de desavença, a terra é do latifúndio, e os homens com armas a vontade divina do senhor. Ela chorou com os seus. A Freira nunca entendeu. Como há fome poderia vencer. Acreditava que jesus é poder. Foi pro lado das crianças e das mães em pranto. Enquanto os tratores esteira, destruíam o esforço de milhares de mãos. O sonho de milhares de vidas. A esperança da terra prometida. Ela pegou a bíblia e não compreendeu. Pegou seu crucifixo (que seu pai lhe deu), e pediu benevolência ao senhor.
Ele não teve escolha. Sabia do seu destino. Seu coração selvagem desde os tempos de menino. Se despediu dela com um beijo santo. Abraços os meninos, e recitou um poema de encanto. E foi pra frente da bastilha, e proclamou: “Aqui morre um homem e nasce uma causa. Aqui enterram um homem e nasce um sentimento, um sentido pra Vida”. O soldado raso compreendeu. As ordens que o general lhe deu. Deu um tiro no meio do peito. Jorrou sangue. Jorrou preconceito. Jorrou Vida. Mas não dele. A roupa foi branca. A Freira é que se pôs em frente ao chumbo. Seu amor não foi presente de latifúndio. Sua crença não foi propagar a miséria. Salvou a vida dele A Freira. Salvou os sonhos das crianças. Salvou a esperança dos pobres. Pois uma pedra no coração dos nobres. Que justiça é essa? Que vida é essa? Que pão é esse? Que miséria é essa...

Ele de louco saiu pelo mundo. Fazendo poema contra o latifúndio. Inspirado no ventre da freira, seu único e verdadeiro AMOR!

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