segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Joinha e Beleza: cerrado ressurge com ajuda de mãos amigas

Em 12 anos de história e ação vemos a transformação da natureza


Por Dandara Morais

A frente desta narrativa, a Associação Terra Viva de Agricultura Alternativa e Educação Ambienta (ATV) e a Comissão Pastoral da Terra (CPT), entidades que discutem incansavelmente e demonstram com seus experimentos como é possível mudar a relação homem/natureza.

Chácara Joinha: Solo preparado para plantio 2003


Com o objetivo de propor um caminho diferenciado para agricultura familiar, em contraposição à monocultura e à agropecuária empresarial presentes na região, estas entidades tomaram a dianteira e começaram seus trabalhos em duas áreas experimentais, as chácaras Beleza e Joinha, no município de Porto Alegre do Norte-MT.

“Eu sempre uso uma fala do Pedro [Casaldáliga] ‘Fé e Teimosia’, é assim o nosso trabalho na região. Acreditamos na agricultura familiar e na produção sustentável, e levamos isso por onde a gente passa, vamos plantando árvores e idéias,” brinca Cláudia Araújo, agente da CPT.


Chácara Joinha: Cerrado de volta 2014


Valdo da Silva, presidente da ATV, conta o motivo dos nomes: “Foi uma brincadeira, como eu e Abílio sempre gostamos de falar ‘lá tá Jóia e lá tá Beleza’ para tudo, ficou Joinha e Beleza”. Claudia Araújo explica “quando decidimos transferir a sede da ATV de Cascalheira para Porto Alegre, resolvemos também vender a terra que tinha lá. Então compramos estas duas chácaras aqui.”

 

A chácara Beleza está localizada à beira do Rio Tapirapé. Quando a ATV adquiriu a área, era um espaço de horta urbana da Associação Nossa Senhora da Assunção (ANSA), que à época trabalhava com núcleos locais em toda região Araguaia.

 

Valdo comenta que “a intenção era fazer experimentos com um misto de plantas nativas e herbário vivo, como o Abílio gosta de chamar. Na verdade, fazemos testes para saber a adaptação e sobrevivência de espécies exóticas na região”.  

 

A Reserva Nativa Joinha fica também dentro do município de Porto Alegre do Norte-MT. Quando compraram era uma área de pastagem degradada e com um brejo quase assoreado.  “Com o Joinha, a intenção era fazer um experimento de Safs [sistemas agroflorestais] no cerrado, introduzir a lavoura branca, como mandioca, melancia, abacaxi, até a mata voltar, um meio que conseguimos para recuperar a área” diz Valdo.

 

Chácara Beleza: Plantio de Bananas Nativas 2014 
Este trabalho foi construído com a ajuda de muitas mãos, uns eram daqui mesmo, outros vieram de longe, outros foram embora. Valdo recorda dos “Baianos” e dos “Novos Baianos”, casais de espanhóis que viveram o início deste processo “aqui já passou muita gente boa: Zezinho, Enágio, Abílio, Jeane, Wilmar, Cidão, Teley, Iberê, Marilene, Valdir, e tantos outros” diz ele já emocionado pelas lembranças. 

São histórias de vida que se cruzaram na tentativa de construir uma história diferente na região Xingu-Araguaia. E o mais importante é que eles têm conseguido! 

Fotos: Dandara Morais e Arquivo ATV






Fruto do Inharé, planta nativa do cerrado

Uma conversa sobre a biodiversidade do cerrado


Pequizeiro