A lua desceu na estação das
flores,
beijou as águas e afagou a
terra.
Sussurrou no ouvido de cada
rosa
e determinou ao vento que
exalasse
o perfume das flores pelos
ares,
porque só os beija-flores,
as borboletas,
as abelhas
e os insetos menores,
não dão conta de tamanha
tarefa.
Ordenou a chuva que regasse
todas as plantas,
mas que fosse bem leve ao
cair,
para não fazer barulho
e acordar os espíritos
guardiães das florestas.
Pediu ao arco-íris
que se lambuzasse bastante
com as cores rosa, parda e
preta,
pois se tornaria mais
brasileiro.
Deu uma dura no fogo
para que deixasse de
queimar inutilmente:
deixa
de ser forasteiro, fogo!
Seja chama! Vida!
Renovação!
Não seja destruição!
Você brilha muito mais
praticando o bem!
Solicitou à chefe das
estrelas,
a estrela D'Alva,
que nas noites de sua
ausência,
descanso da lua,
que pairasse sobre os
triêros
e os caminhos,
para que brilhasse
todos os passos do bem e da
felicidade.
Assim, não deixaria só por
conta dos vaga-lumes.
Pediu ao uirapuru
que cantasse mais vezes no
ano,
e que se juntasse aos
outros pássaros
e fizessem uma sinfonia de
cantos.
Cantando, a terra fica
corada,
as flores mais vivas
e a brisa mais suave.
Antes do amanhecer,
a lua deu um beijo na
aurora,
banhou nas águas do
Araguaia,
se perfumou com as flores
do cerrado
e foi se aquecer bem perto
do sol,
que já estava quase
acordando.
Edilson Pereira Santos